Verifica-se que a religião constitui uma das dimensões centrais da existência humana: a mais básica e distintiva do ser humano. Assim, foi objeto de reflexão desde os primórdios da filosofia, sendo que, a partir do século XVII começa a surgir uma postura crítica, que subsiste ainda, mas que pouco a pouco vai sendo desmistificada com os estudos mais recentes sobre as origens e bases do fenômeno religioso:
Filosofia Grega (séculos V-IV a.C.) Numa sociedade politeísta, com sua mitologia decantada em poemas épicos, concebe um Ser Superior e imutável como origem e ordenador do Universo, substituindo as explicações mitológicas por explicações racionais dos fenômenos, 4 cujo substrato último estaria num Deus Supremo e Transcendente (Anaximandro, Parmênides, Heráclito e Aristóteles).
Filosofia Romana (século I) Manifesta sua rejeição pela concepção mitológica da religião civil do Estado, como meras fábulas, propugnando pela adoção de uma religião natural de união da alma com o Transcendente (Sêneca e Varrão).
Filosofia Medieval (séculos XIII-XIV) Caracteriza-se pela defesa filosófica da religião cristã e pela demonstração racional da existência de Deus e de suas características (S. Agostinho, S. Anselmo e S. Tomás de Aquino).
Renascimento (século XV) Com a redescoberta do mundo greco-romano, busca-se formular uma síntese dos elementos religiosos de diversas procedências, com a intenção de descobrir um fundo religioso universal e deduzir-se uma doutrina metafísica universal (Ficino e Mirandola).
Racionalismo (século XVII) Começa a colocar em xeque a religião, pretendendo racionalizar o fenômeno religioso, a partir da negação de qualquer revelação divina (Hume, Tindal e Toland); Hegel interpreta la r. dentro la prospettiva kantiana della sola ragione e vede in essa il secondo momento del sapere assoluto, quando lo spirito prende coscienza di se stesso e diventa "autocoscienza". Subito dopo Hegel, con Feuerbach, Marx, Engels, Comte, Nietzsche inizia la demistificazione della r. Alla r. fu fatale, tra l'altro, il nesso che essa sembrava avere con l'idealismo, per cui la demolizione di quest'ultimo sembrò trascinare con sé anche il crollo della r. Si cercò di dimostrare che essa non ha nessun fondamento oggettivo. Se ne ricercò l'origine nei vari sentimenti di impotenza di fronte alla natura (Feuerbach), di compensazione nella vita futura per ciò che manca nella vita presente (Marx), di risentimento (Nietzsche), di sublimazione degli istinti (Freud), di autotrascendimento (Bloch), ecc. Senonché, per quanto ingegnose, tutte queste spiegazioni della r. risultano inadeguate: esse fanno luce su qualche motivazione reale, ma per lo più secondaria, di essa. Davanti ad un fenomeno così grandioso e così complesso come quello religioso, decisamente il più imponente tra tutti quelli che segnano la storia dell'umanità, le spiegazioni di Feuerbach, 5 Marx, Nietzsche, Freud, Bloch risultano chiaramente riduttivistiche e semplicistiche e pertanto assolutamente inadeguate. Esse tentano di trasformare in un fenomeno secondario, accidentale e tutto sommato trascurabile ciò che invece risulta profondamente radicato nella natura umana e che costituisce sempre una componente fondamentale e primaria della cultura. "Attraverso la parte più illustre della storia umana, in tutti i secoli e in qualsiasi stadio della società, la r. è stata la forza centrale unificatrice della cultura. È stata custode della tradizione, preservatrice della legge morale, educatrice e maestra di sapienza. [...] La r. è la chiave della storia. Non possiamo comprendere le strutture intime di una società, se non conosciamo bene la sua r. Non possiamo capire le sue conquiste culturali, se non comprendiamo le credenze religiose che stanno dietro di esse. In tutte le età le prime elaborazioni creative di una cultura sono dovute ad un'ispirazione religiosa e dedicate ad un fine religioso. La r. sta alla soglia di tutte le grandi letterature del mondo. La filosofia è un suo prodotto ed è un rampollo che fa continuamente ritorno al proprio genitore" (Ch. Dawson, Religion and Culture, 1948, pp. 49-50)(Battista Mondin, Dizionario Teologico e Filosofico).
Iluminismo (século XVIII) Na linha do racionalismo, caracteriza-se pela negação das religiões positivas (especialmente do cristianismo), sustentando um deísmo como crença geral na existência de um Ser Supremo, sem que deva existir qualquer Igreja ou sistema organizado de culto (Voltaire, Diderot e D’Alembert).
Escola Sociológica (século XIX) Pretende que o fenômeno religioso seja necessariamente social, constituindo um sistema solidário de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, adotadas por uma comunidade (Durkheim, Weber, Croce e Gentile), esquecendo, no entanto, que o sentimento religioso tem sua dimensão pessoal.
Escola Psicológica (século XIX) Reduz o fenômeno religioso à consciência individual, surgindo do subconsciente o sentimento religioso e todas as crenças (Schleiermacher, Freud, Hartmann e James), o que descartaria a possibilidade de revelação divina ao homem; i) Evolucionismo (século XIX) Concepção de que as religiões evoluíram das crenças míticas, politeístas e rudimentares para as religiões monoteístas, organizadas e universais (Darwin e Spencer).
Marxismo (século XX) Concepção de que a religião é o ópio do povo, a maior das alienações, uma vez que aquilo que se atribui a Deus seria próprio da Humanidade como um todo (Feuerbach e Marx).
Escola Etnológica (século XX) Procura mostrar, através do estudo dos povos primitivos e das culturas rudimentares, que a crença num Deus Supremo e Único foi, desde os começos, a forma religiosa originária, sendo as religiões politeístas posteriores corruptelas da crença original (Lang e Schmidt). Como se vê, a partir deste breve esboço histórico, já se afirmou tudo a respeito da religião: que existe, que não existe, que é um sentimento, que é um instinto, que é uma alienação, que é uma criação humana, etc, etc. A avaliação do que realmente é a religião, sua existência, seu fundamento, será visto no segundo capítulo.